sábado, 20 de março de 2010

NOVO MISTÉRIO NO CAIRIRI: MEDO IMPEDE COMUNIDADE DE PROCURAR A COVA COLETIVA DAS VÍTIMAS DO SÍTIO CALDEIRÃO (MEDO DE QUEM?)

Fortaleza - CE, 20 de março de 2010.

Edição nº 89

A SOS DIREITOS HUMANOS sempre soube que havia muitos mistérios em torno do genocídio cometido contra os 1000 camponeses católicos da comunidade do Sítio da Santa Cruz do Deserto - Sítio Caldeirão, ou seja, razões escusas e sérias para que a comunidade católica e de cientistas da região do Cariri não se movesse para procurar a COVA COLETIVA das vítimas do Sítio Caldeirão, já que a cova fica em um local de extensão reduzida, e já devidamente apontada por sobreviventes do massacre, a saber: na MATA CAVALOS, Serra do Cruzeiro, Crato, Ceará, Brasil, só faltando mesmo ter uma seta apontando para o local da cova.

Mas ninguém a procura, e a maioria das pessoas, apenas aceita realizar, anualmente, uma missa em sufrágio das almas das vítimas, somente isto, nada além disso, nem pensar em pegar uma pá ou o equipamento de escanear o solo da UFC e procurar os restos mortais das vítimas.

A SOS DIREITOS HUMANOS há quase três anos vem lutando sozinha contra tudo e contra todos em defesa das vítimas do Sítio Caldeirão, a saber:

a - na Justiça Federal - para que o Exército e a Polícia Militar do Ceará digam onde está a cova, mas teve a ação extinta sem julgamento de mérito a pedido do próprio MPF, que deveria fazer parte como autor, litisconsorte, na ação civil pública, mas que, pasmem, pediu a extinção da ação.

b - na mídia, enviando emails para os meios de comunicação, tendo apoio, de apenas uma rede de televisão e um jornal, e em uma só matéria.

c - no legislativo Estadual, Federal e Senado, enviando ofícios e emails com apenas uma resposta, sem qualquer apoio.

d - enviando denúncias para blogs e sites, obtendo em muitos, o espaço desejado.

Mas infelizmente, a luta ocorre solitária, e o silêncio da comunidade do Cariri sempre incomodou, pois gerou muitas questões não respondidas, até que, encontramos uma matéria divulgada pelo UOL informando que a mesma situação bizarra ocorre nas buscas dos restos mortais dos guerrilheiros do Araguaia, onde a população não indica as localidades das covas com medo, com receio de represálias (de algo ou alguém muito sombrio e periculoso)!

Então deve, com certeza, ocorrer a mesma preocupação no Cariri, porque a comunidade científica e religiosa não se levanta para procurar a COVA COLETIVA das vítimas do Sítio Caldeirão por receio, por medo de alguma represália, mas de quem?

Quem poderá no ano de 2010, ser um perigo para aqueles que quiserem rebuscar a história do genocídio das vítimas do Sítio Caldeirão ocorrido no ano de 1937?

Quem ainda deve à Justiça as mortes de 1000 pessoas?
RESPOSTA:

Quem ajudou a cometer o genocídio em 1937 e ainda está vivo na região do Cariri?
RESPOSTA:

Quem se beneficiou com o massacre de 1000 camponeses católicos do Sítio Caldeirão?
RESPOSTA:

Quem poderá cometer outro crime pior que o massacre das vítimas do Sítio Caldeirão?
RESPOSTA:

A quem interessa o segredo da localização da COVA COLETIVA das vítimas do Sítio Caldeirão?
RESPOSTA:

Estas questões você poderá nos responder, bastando enviar um email para sosdireitoshumanos@ig.com.br de algum cibercafé, de outra cidade, de forma anônima para que possamos tomar uma atitude e assim, nos ajudar a mover as pedras, a retirar as terras de cima das vítimas do Sítio Caldeirão, e fazermos juntos Justiça e reescrevermos um importante capítulo que foi apagado de propósito dos livros da história do Ceará e do Brasil.


Paz e Solidariedade,



Dr. Otoniel Ajala Dourado
Editor-Chefe da REVISTA SOS DIREITOS HUMANOS
OAB/CE 9288 – 55 85 8613.1197
Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS
Membro da CDAA da OAB/CE
www.sosdireitoshumanos.org.br
sosdireitoshumanos@ig.com.br


REPORTAGEM-PROVA


Medo impede moradores da região do Araguaia de procurar corpos de guerrilheiros, diz procurador

Membros do Ministério Público Federal em Marabá, no Pará, buscam paralelamente ao Ministério da Defesa descobrir o paradeiro de corpos de guerrilheiros que atuaram na região do rio Araguaia na década de 1970. Mas informantes locais evitam apontar pontos de enterros improvisados por medo de represálias, disse nesta quinta-feira (18) o procurador da República Tiago Modesto Rabelo.

Depois de conversar com moradores de Tabocão e de Brejo Grande, a cerca de 90 quilômetros de Marabá, Rabelo afirmou que alguns dos informantes aceitam dizer onde estariam mais corpos de guerrilheiros, mas se recusam a ir ao local. “Tudo que envolve aqueles combatentes e o Exército tem aura de muito mistério, muita repressão na cabeça daquelas pessoas simples”, disse o procurador ao UOL Notícias.


REPORTAGEM-PROVA2:


Moradores do Araguaia resistem à presença do Exército, diz procurador

Luciana Lima
Agência Brasil

O procurador da República em Marabá, Tiago Modesto Rabelo, disse que os moradores da região do Araguaia resistem a prestar informações ao Exército sobre os locais onde foram enterrados guerrilheiros durante a ditadura militar. Segundo o procurador, há dificuldade por parte da população das cidades e da área rural em entender que a presença do Exército, nesse momento, não tem o mesmo propósito da década de 1970, que era reprimir o conflito.

“A guerrilha ainda nutre o medo das pessoas. A situação permanece a mesma na cabeça dessas pessoas. Nada aconteceu para que se alterasse esse quadro. São pessoas humildes e toda violência cometida pelo Exército naquela época está arraigada no subconsciente dessas pessoas. São pessoas que viveram direta ou indiretamente toda atrocidade cometida naquela época. Muitas foram torturadas ou tiveram parentes e amigos torturados”, disse Rabelo.

O procurador participou da equipe, composta por membros do Ministério Público Federal e familiares de mortos e desaparecidos políticos, que encontrou nesta semana restos mortais na região do Tabocão, a 30 metros do local escavado pelo Grupo de Trabalho Tocantins, que contou com o apoio técnico do Exército. A indicação do local, no município de Brejo Grande do Araguaia, foi feita por um morador que não admite falar com militares ou com autoridades. O informante só decidiu indicar o local para a irmã do guerrilheiro Antônio Teodoro de Castro, que usava o codinome Raul na guerrilha.

Os peritos acreditam que o local serviu como vala comum para o enterro dos corpos. “A princípio se trata de uma vala comum, de pouca profundidade, que é uma característica dos achados até então. Não se tem relatos de casos de cova muito profunda. Isso indica que os corpos eram enterrados às pressas. Não havia muito tempo.”

Tiago Rabelo disse que a localização dos corpos dependerá muito do trabalho dos parentes e deverá ser feito de forma lenta. “As pessoas que têm informação não aceitam falar para autoridades o que elas podem falar para os familiares. A informação que levou à cova era completamente nova. Ninguém tinha conhecimento daquela indicação.”

O MPF informou que nesse momento os esforços são no sentido de analisar o material encontrado que deverá ser encaminhado para Brasília para trabalhos de identificação. Foram encontrados pedaços de crânio, dentes e restos de tecidos no ponto exato apontado pelo informante. De acordo com o procurador, na medida em que novas informações surgirem, a equipe poderá investigar outros locais.

Existe a suspeita de que as ossadas encontradas possam pertencer aos guerrilheiros Pedro Carretel (Carretel), Rodolfo de Carvalho Troiano (Manoel do A), Gilberto Olímpio Maria (Pedro) e Maurício Grabois (Mário).

A região conhecida como Tabocão fica a 90 quilômetros de Marabá e sempre foi apontada como possível área de enterro de guerrilheiros mortos durante os combates na década de 70. Em depoimentos no MPF, moradores de Brejo Grande informaram que todos na cidade sabiam que as escavações da Operação Tocantins foram feitas em pontos incorretos.

Combatida pelo Exército, a Guerrilha do Araguaia foi um movimento de resistência ao regime militar (1964-1985) organizado pelo PCdoB na primeira metade da década de 70. No ano passado, ao formar o Grupo de Trabalho Tocantins, o Ministério da Defesa não incluiu a participação dos familiares nos trabalhos que contaram com o apoio técnico do Exército.

Na época, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, deu uma explicação jurídica para não admitir a presença dos familiares nas buscas. Segundo ele, os familiares não poderiam ser admitidos no grupo porque são parte do processo e, portanto, não devem participar da execução da sentença.

Essa posição causou desconforto na Esplanada dos Ministérios. O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), defendeu a inclusão dos familiares como forma de garantir a transparência dos trabalhos. A questão teve que ser resolvida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que garantiu a presença dos parentes de mortos e desaparecidos políticos na missão por meio de um decreto.


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