domingo, 21 de fevereiro de 2010

INSCREVA-SE HOJE NO PROJETO: "TROQUE SEU CASEBRE PACIFICADO PELA MANSÃO DO DEPUTADO"

Fortaleza - Ce, 21 de fevereiro de 2010.

Edição nº 36 (atualizado em 24.2.2010)

Só no Brasil o eleitor encontrará político / prefeito / governador realizando projeto de "pacificar favela", é o cúmulo da idiotice.

O Governo justo, o governo decente, o governo humano, o governo bem administrado nunca irá pacificar favelas, e sim, fazer condomínios dignos em locais agradáveis, acessíveis, com toda infra-estrutura e inserir os moradores das favelas nelas, para que sejam ex-favelados felizes, tratados como cidadãos, como pessoas humanas, e não como "favelados-pacificados", e ainda vivendo de forma precária nas favelas.

O incrível é qua a população ainda perde seu tempo respondendo pesquisas pagas (e muito bem pagas com o dinheiro dos cofres públicos) sobre estas "pacificações de favelas":

- "Você achou legal a idéia do prefeito / governador de pacificar a favela tal?"

- "Sim, muito importante, hoje nós não temos mais tantas mortes, meus filhos até já brincam nas escadas da nossa favela..."

E a mídia anuncia: "Pesquisa diz que o povo se agradou da pacificação com a favela X".

A coisa toda é ridícula, como usar remendo novo em roupa velha.

Por esta razão a REVISTA SOS DIREITOS HUMANOS lança hoje dia 21 de fevereiro de 2010 o o Projeto: "Troque seu casebre pela Mansão do Vereador / Deputado / Senador / Prefeito / Governador" que será realizado em duas fases:

1ª Fase: "Pergunte ao seu vereador / deputado / senador / governador / prefeito se ele quer morar numa favela pacificada."

2º Fase: Se ele aceitar, corra com ele até o cartório de registros de imóveis mais perto e troque seu casebre com a mansão dele.

Após trocarem as casas, pedimos que nos envie um email ou nos ligue para colocarmos a foto do seu vereador / deputado / senador / prefeito / governador num mini altar no site da SOS DIREITOS HUMANOS, pois teremos encontrado um anjo caminhando sobre a Terra.


Paz e Solidariedade,



Dr. Otoniel Ajala Dourado
Editor-Chefe da REVISTA SOS DIREITOS HUMANOS
OAB/CE 9288 – 55 85 8613.1197
Presidente da SOS - DIREITOS HUMANOS
Membro da CDAA da OAB/CE
www.sosdireitoshumanos.org.br
sosdireitoshumanos@ig.com.br



1ª REPORTAGEM:




Pacificação em comunidades une a cidade partida no alto das favelas, com programas variados

Publicada em 09/10/2009 às 08h42m

Cláudia Amorim

RIO - Não é raro encontrar um morador do asfalto carioca que nunca tenha ido a uma favela, embora todo mundo passe por uma no dia a dia e elas sejam mais de mil na cidade. Mas já dá para cantar ao contrário aquela música de Pepeu Gomes e Moraes Moreira: lá vem o Brasil subindo a ladeira. Em Botafogo, por exemplo, a pacificação do Morro Santa Marta deu uma mãozinha (a favela ganhou em dezembro uma Unidade de Polícia Pacificadora, que funciona com 120 recrutas). E muita gente que nunca tinha feito isso antes subiu a ladeira -e de plano inclinado. O elevador leva a mirantes com vistas da cidade que só são possíveis em morros como aquele: o Santa Marta é uma formação rochosa de 362 metros de altitude.

Mas não é só. Ali o carioca também pode aproveitar programas variados no morro da Babilônia, no Leme; na Tavares Bastos, no Catete; no Vidigal; no complexo Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, entre Ipanema e Copacabana; e na Rocinha.


2ª REPORTAGEM:


Para 93% dos moradores, favelas pacificadas estão mais seguras, aponta pesquisa

Favelas

21/02 - 12:07 - Anderson Dezan, iG Rio de Janeiro


Um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS) mostra que 93% dos moradores de favelas pacificadas do Rio de Janeiro acham que as comunidades onde vivem estão atualmente mais seguras. A pesquisa mostra ainda que 68% desses moradores temem que os traficantes voltem a comandar suas comunidades.

A pesquisa foi realizada com 600 pessoas acima de 16 anos moradoras de sete comunidades cariocas que já possuem a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP): Santa Marta, Jardim Batam, Cidade de Deus, Babilônia, Chapéu-Mangueira, Cantagalo e Pavão-Pavãozinho. A Ladeira dos Tabajaras não foi incluída porque a implantação da UPP na comunidade ainda é muito recente.

Para efeitos de comparação, o IBPS também elaborou uma amostra de 600 entrevistas com moradores de 44 favelas que não têm UPPs instaladas. A pesquisa foi realizada no mês de janeiro e a margem de erro para cada uma das amostras é de 4%.

De acordo com os resultados, 50% dos entrevistados que moram em comunidades não pacificadas afirmaram que o local onde residem é seguro, enquanto 48% disseram ser inseguro. Segundo a pesquisa, 70% dos moradores dessas favelas afirmaram ser favoráveis à implantação de uma UPP.

Veja os principais resultados da pesquisa:

Comunidades com UPP

- 93% acham que a comunidade hoje é segura;
- 80% acham que a imagem da Polícia Militar melhorou;
- 18% ainda vêem homens circulando armados dentro das comunidades;
- 30% ainda constatam a venda de drogas dentro das comunidades;
- 12% ainda constatam a existência de tiroteios dentro das comunidades;
- 11% ainda constatam a existência de execuções dentro das comunidades;
- 71% acham que suas vidas melhoraram desde a instalação da UPP;
- 66% acham que a continuidade do projeto vai depender do próximo governo;
- 68% ainda temem que os bandidos voltem a comandar suas comunidades.

Comunidades sem UPP

- 50% acham a comunidade onde moram segura;
- 48% acham a comunidade onde moram insegura;
- 44% declararam ter visto homens circulando armados em sua comunidade;
- 44% declararam ter visto pessoas vendendo drogas em sua comunidade;
- 48% declararam ter ouvido ou presenciado tiroteios em sua comunidade;
- 27% declararam ter sabido ou presenciado execuções em sua comunidade;
- 72% consideram que a implantação da UPP como uma medida positiva;
- 70% seriam favoráveis à implantação da UPP.


ATUALIZAÇÃO EM 23.2.2010

NOVA PROVA SOBRE A IMPORTANCIA DA POBREZA, DA MISÉRIA, DAS FAVELAS:


Entrevista: Bianca Freire-Medeiros
'Turismo de favela': violência atrai visitantes23 de fevereiro de 2010

Por Maria Carolina Maia

Quando o ator Hugh Jackman visitou o Brasil, no início do ano, para gravar um comercial no Rio de Janeiro, resolveu fazer turismo pela cidade, dando uma passadinha pelo morro Dona Marta. O australiano não está só. O chamado turismo de favela, ou turismo da miséria, é um fenômeno em expansão, como atesta o livro Gringo na Laje – Produção, Circulação e Consumo da Favela Turística (FGV Editora, 163 pág., 17 reais), da antropóloga Bianca Freire-Medeiros. Por mais estranho que possa parecer, a violência é, na visão da pesquisadora, o que mais seduz os turistas. "Ela é um atrativo. O filme Cidade de Deus, por exemplo, vende a imagem de que a favela é um lugar extremamente violento, de alto risco: os turistas querem ir lá motivados por isso", diz Bianca. Só a favela da Rocinha, destino favorito no Rio, recebe cerca de 3.500 visitantes por mês, a maior parte vinda da Europa e dos Estados Unidos. Sete agências especializadas e inúmeros guias exploram o negócio. Leia a seguir a entrevista que a antropóloga concedeu a VEJA.com sobre o assunto. Confira também outros destinos do turismo da miséria pelo mundo.

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Como teve início o turismo da miséria?
O turismo em favela tem como antecedente histórico a prática do slumming, termo com registro em dicionário, realizada pelas elites inglesas da era vitoriana, nos anos de 1880. Os ricos iam visitar, por curiosidade ou caridade, os espaços segregados da cidade. Era quase como se fossem às colônias - de chineses, italianos e outros. Virou moda fazer essas visitas. Isso dura até os anos 1920. A situação contemporânea começou por volta de 1990. No Rio de Janeiro, há um mito de origem, segundo o qual o turismo em favela começou com a ECO 92, quando se passou a levar estrangeiros à Rocinha - pessoas ligadas em ecologia e interessadas em alternativas ao turismo de massa. Na África do Sul, esse tipo de turismo teve início com fim do Apartheid, em 1994, e os roteiros turísticos para as townships, localidades que até então estavam isoladas.

O que move o turista, curiosidade ou piedade?
Falar apenas em curiosidade é complicado, porque soa sempre como acusação. É como se disséssemos: "O outro é que é curioso, não eu". E, na verdade, é tudo misturado. Não é só vontade de conhecer uma outra cultura, um tipo de voyeurismo ou desejo de ajudar. Tentar separar aquele que de fato quer contribuir para o lugar de outro que só quer fazer voyeurismo não é o ponto. Acho que a grande questão é explicar a transformação da pobreza em atração: os turistas estão em busca de uma situação de precariedade que eles desconhecem.

Essa conversão da miséria em atração não gera dilemas morais para o turista?
Com certeza. Todo turista sabe que pode ser acusado de fazer algo de mau gosto, de participar de um "zoológico de pobre". Mas, entre aqueles que entrevistei, não houve um que tenha saído insatisfeito do passeio. Para todo mundo, é uma experiência forte, capaz de revelar a cidade e de tornar inteligível o país. É isso que causa mal-estar aos brasileiros, críticos da prática, é essa ideia de que explicar o Brasil passa pela favela. A imagem internacional do país hoje está colada a futebol, a Carnaval e a favela. Existe no imaginário internacional uma associação direta entre cultura brasileira e favela.

A violência também faz parte da imagem externa do país. Isso não assusta o turista estrangeiro?
Na verdade, a violência é mais um atrativo para o turista – um atrativo propagado pela mídia. A ideia que o filme Cidade de Deus vende, por exemplo, é a de que a favela é um lugar extremamente violento, de alto risco. Os turistas vão à favela motivados por essa imagem. É uma coisa que as agências têm de administrar. Ao mesmo tempo em que elas procuram mudar a imagem que o turista tem da favela, mostrar que ali não tem apenas violência, elas sabem que, se ninguém acreditar na violência, não haverá clientela.

Se um dia todas as favelas do Rio estivessem pacificadas, esse turismo morreria?
Isso não sabemos dizer. As favelas exploram outros atrativos, como o fato de serem cenário para filmes ou clipes (o morro Dona Marta serviu de cenário aos clipes de Michael Jackson, em 1996, e de Alicia Keys e Beyoncé, neste ano). É difícil prever a evolução dessa dinâmica.

Se for da vontade do turista, as agências o ajudam a fotografar armas?
Havia uma agência em particular, a Private Tours, que tinha essa prática. Mas, na maior parte das vezes, o turista não vê ninguém armado, porque as agências procuram evitar os locais de venda de drogas, que são menos seguros. Ninguém passa na "boca" (ponto de comércio de drogas), por exemplo. Vale dizer que, para o turista, isso não faz muita diferença. Para ele, basta saber que há pessoas armadas na favela e que ele está numa situação de risco, para que haja excitação. Tem guia que potencializa essa sensação, dizendo coisas como "Acabou de passar um traficante". Mas em geral o guia não deixa que o turista fotografe gente armada, para evitar problema com o tráfico. Se acontece de um turista fazer uma foto de um traficante, este pode querer tirar satisfação com o turista e mandar apagar a imagem. Aí, o guia tem de intermediar. Para muitos guias, essa é uma atividade estressante.

Que imagens os turistas mais fotografam?
O que se vê é um interesse primordial pelas habitações. Acho que é impactante para quem vem de formas urbanas mais organizadas pensar como é possível haver tantas construções desalinhadas e como se faz tanta coisa em espaços exíguos. Outra coisa que interessa bastante são os rostos. Aí, o que é muito chocante é que, mesmo na Rocinha, que é considerada uma "favela nordestina", com tipos físicos variados, os negros são os mais eleitos. Pelas fotografias dos turistas, você tem a impressão de que a favela é negra. Isso mostra que a pobreza tem cara e tem cor. A pobreza é negra. Isso mostra também que, embora o turista tenha a chance, durante o passeio, de confrontar as ideias prévias que possui do lugar com o que vê pessoalmente, muito da representação antiga continua.

É por uma questão econômica que a favela abre as portas para o turismo?
Olha, essa foi uma questão que me impressionou muito. A maior justificativa para receber o turista seria o dinheiro que ele traz. Mas essa não é a prioridade dos moradores. O que eles dizem é que a oportunidade que o turismo proporciona é de construir uma representação diferente da favela. Uma imagem positiva. Eles recebem mais atenção do turista estrangeiro do que do brasileiro, que vira as costas para eles. O morador não é otário. Ele sabe que o turista vai lá querendo ver o tráfico, querendo ver a arma, mas aí eles têm a chance de mostrar que a favela não é só isso.

Como é, de modo geral, o roteiro do turismo na Rocinha?
Há coisas que não podem faltar. Não pode faltar a laje, onde os turistas tiram foto da paisagem e ouvem um discurso explicativo – coisas como "Ali embaixo, você vê a escola americana, que custa tão caro, e isso mostra como esse país é desigual". A laje é um momento pedagógico, impactante para o turista, que dali vê um oceano de casas, com o mar azul ao fundo. É uma experiência visual muito forte. Todo passeio vai incluir também, em algum momento, uma parada para comprar suvenir. Tem uma grande presença de objetos feitos a partir de material reciclável. É aquela ideia de que a pobreza inspira saídas criativas. Há também muitas pinturas, e são quadros muito interessantes, porque nunca são pedidos de ajuda ou apelação. São imagens de uma favela colorida, aquela ideia de pobreza alegre. O tráfico está ausente dessas representações. São, obviamente, representações redutivas da favela, porque ela é feita de tráfico e de violência. O roteiro ainda vai incluir, sempre, algum tipo de projeto social. E, em alguns casos, uma parada numa escola de samba.


REPORTAGEM EM 24.2.2010


24/02/2010 às 10:09
Morador de favela já pode ter seguro contra bala perdida

Agência Estado
O repositor de mercado Josemilton da Costa Barros mal consegue falar do novo "investimento". A cada frase e meia inclui um "Deus me livre que isso aconteça", mas está certo de que fez um bom negócio. Ele contratou há duas semanas um seguro por morte acidental que cobre até ocorrências com bala perdida.

Josemilton mora na favela da Rocinha, no Rio, uma das duas localidades escolhidas pela Bradesco Seguro e Previdência para lançar um produto inédito voltado para as classes C, D e E. Em São Paulo, o seguro está sendo oferecido aos moradores da favela de Heliópolis, na zona sul da capital.

O novo produto é um projeto-piloto da seguradora para entrar no mercado de microsseguros, que deve ser regulamentado ainda este ano no Brasil. Mais do que um "seguro popular", que pode ser oferecido a clientes de qualquer classe social, o microsseguro é um produto direcionado exclusivamente à baixa renda, como uma forma de inclusão e até de assistência social. Nessa primeira etapa, o seguro da Bradesco Seguro e Previdência é voltado para pessoas que tenham entre 20 e 50 anos de idade e sejam clientes das agências do banco localizadas nas duas favelas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.