ROTAVÍRUS
Posto de saúde aplica vacina com validade vencida
21/5/2010
Os gestores do Centro de Saúde e da Sesa reconhecem que a aplicação fora da validade foi um erro
A autônoma L.M.S, 39 anos, só não pensou que, ao imunizar seu filho N.M.S., de dois meses, poderia causar preocupações para toda a família. Na última quarta-feira, após levar seu bebê para se vacinar no Centro de Saúde Meireles, percebeu no selo, anexado ao cartão de vacinação, que a dose contra o rotavírus estava vencida, desde o mês passado. Segundo reconhecem os gestores, o fato aconteceu por erro da unidade e, com base nos registros, ela foi a única criança a tomar a dose, cujo lote venceu em abril.
"Quando cheguei em casa, depois da aplicação, resolvi conferir o cartão, que tinha o registro das três vacinas que ele tomou. Nessa hora, percebi que a do rotavírus, justo a única que eles pregam o selo, estava com a data de validade vencida. Fiquei muito preocupada. Liguei para o posto, eles disseram que isso nunca tinha acontecido", recordou a mãe.
Porém, para a autônoma, a enfermeira poderia ter mostrado a vacina que seria aplicada na criança. Por isso não ter acontecido, ficaram as dúvidas se as outras duas vacinas, a tetravalente e a contra a poliomielite, também estavam vencidas. E, mais angustiante para a mãe, se o bebê teria alguma reação ou problemas de saúde.
"A pediatra me indicou que ficasse observando ele. Até agora, ele está com moleza, febre e dormindo muito, desde ontem", desabafou.
Conforme a pediatra Ana Paula Silton, mestre em Saúde da Criança e do Adolescente, em geral, as vacinas têm um prazo de tolerância de até seis meses além da validade. Até então, a dose passa a fazer efeito. "Na maior parte dos casos, não causa nenhum prejuízo", diz.
No entanto, se ultrapassar esse prazo "extra", como explica, é possível que não haja imunização da criança e pode haver a manifestação dos sintomas contra os quais a vacina age.
A responsabilidade da unidade de saúde também foi reconhecida pela coordenação de enfermagem do Centro de Saúde e pelo coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Manoel Fonseca.
De acordo com Lúcia Caminha, chefe de enfermagem da Centro, e Célia Soares, enfermeira do setor de imunização, o fato foi uma "fatalidade" e nunca havia ocorrido no local. "Foi uma inobservância nossa, reconhecemos", declara Lúcia. Já Célia esclarece que no início do mês, a unidade recebe o lote de vacinas para o mês e para os meses seguintes. No caso do rotavírus, a cartela apresenta cinco vacinas, já com as seringas.
Segundo antecipou Manoel Fonseca, essa situação não é comum às unidades de saúde. "Foi uma falha mesmo", diz. A responsabilidade, como atribuiu, "é da sala de vacinação do posto, pois cabe aos profissionais anotarem o lote de fabricação e validade, quando as vacinas são distribuídas pelo Município".
Por isso mesmo, será feita investigação a respeito do lote e a Prefeitura de Fortaleza será avisada do ocorrido, embora a responsabilidade nesse caso, como frisou, não seja do poder municipal.
"A vacina é um vírus vivo. Então, tem validade além do limite estabelecido. Efeito colateral, provavelmente não. Mas, daqui a 60 dias, o bebê terá que tomar outra dose. Se a mãe quiser ter certeza mesmo de que houve a imunização, basta daqui a três meses solicitar o exame no Laboratório Central do Estado (Lacen)", disse.
INFLUENZA A
MS amplia vacinação para crianças de 2 a 4 anos de idade
A campanha de vacinação contra a gripe A (H1N1), que começou no dia 8 de março, deve continuar até o dia 28 de maio, agora com a inclusão de mais um grupo prioritário: as crianças de dois a quatro anos de idade. De acordo com o coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), Manoel Fonseca, o Ceará deverá receber ainda hoje, 470 mil doses, sendo que 117 mil serão destinadas para Fortaleza. A meta é iniciar a imunização desse novo grupo a partir da próxima segunda-feira. "Só se a vacina não chegar hoje. Até, no máximo, terça-feira, vamos começar a vacinar".
Com relação aos outros grupos, a vacinação deve continuar. Em Fortaleza, todos os 92 postos de saúde vão oferecer a vacina nesta sexta-feira e no sábado. Os idosos, portadores de doenças crônicas e grávidas que ainda não foram vacinados também podem procurar as unidades de saúde. É importante lembrar, diz a coordenadora da vacinação na Capital cearense, Vanessa Solnapelle, que as crianças com mais de seis meses e menos de dois anos devem tomar a segunda meia dose da vacina, trinta dias depois da aplicação da primeira.
Até agora, o Ceará vacinou 2.216.639 pessoas contra a influenza A (H1N1). O número representa 56,49% da meta de vacinação de 4.044.583 pessoas dos grupos prioritários estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Oficialmente, a campanha de vacinação contra a gripe A termina hoje, mas, no Ceará, a Secretaria da Saúde do Estado já definiu que a vacinação continuará até que todos os grupos prioritários cumpram a meta de 80% de cobertura.
Dos oito grupos prioritários, quatro cumpriram suas metas de imunização no Ceará. Com 95.624 doses aplicadas, os trabalhadores em saúde atingiram a marca de 111,87% de imunização. O grupo formado pelos indígenas cumpriu 84,91% da meta, com 18 mil 303 vacinados.
Os portadores de doenças crônicas com mais de 60 anos receberam 198 mil 447 doses da vacina, com 123,05% de cobertura. Foram vacinadas 200 mil crianças maiores de seis meses e menores de dois anos, com cobertura de 99,97%.
Ainda faltam cumprir as metas de imunização dos grupos formados pelas gestantes, que atingiram 58,74% de cobertura, com 90 mil 031 doses aplicadas, os portadores de doenças crônicas com menos de 60 anos, com 50,58% de cobertura e 386 mil 163 doses aplicadas, os adultos de 20 a 29 anos, com 69,88% de cobertura e 1.143.935 doses aplicadas, e os adultos de 30 a 39 anos, com 24,20% de cobertura e 291mil 886 doses aplicadas.
Dados
Em 2010, de acordo com a última nota técnica da Sesa, divulgada dia 14 passado, foram notificados 175 casos suspeitos de Influenza A no Ceará. Destes, 140 ou 82% deles residem em Fortaleza, em 69 diferentes bairros e outros 35 - representando 18% - residem em 18 municípios do Interior do Estado.
O sexo feminino representou 70% dos casos notificados. Sendo que 40% concentram-se na faixa etária de 20 a 39 anos. Vinte e sete casos foram confirmados por laboratório.
JANINE MAIA E LEDA GONÇALVES
REPÓRTERES
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