O empresário Carlos Francisco Ribeiro Jereissati deve receber indenização no valor nominal de R$ 500 mil por danos morais. Com a atualização e os juros, a cifra hoje é superior a R$ 1 milhão.
A decisão é da 3ª Turma do STJ. O ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros teria atribuído a Jereissati a responsabilidade pelo vazamento de gravações telefônicas ilegais entre o ex-ministro e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em 1998, quando a Telebrás foi privatizada.
O TJ de São Paulo entendeu que não caracterizariam dano moral os atos do ex-ministro, que consistiram em atribuir ao empresário, em manifestação pública nos diversos veículos de comunicação do país, a responsabilidade pela divulgação do conteúdo das fitas cassete do chamado “Grampo do BNDES”.
No STJ, o desembargador convocado Vasco Della Giustina (oriundo do TJRS), relator do recurso, observou que o fundamental nesta questão "é considerar se um agravo a uma pessoa, atribuindo a ela a autoria ou a suposta autoria na divulgação de um fato criminoso, traduz ou não um dano moral".
Para o relator, não se trata de mero revolvimento dos fatos. “A prova é certa e se não discute a mesma. O que sobreleva acentuar é a valoração de seu conteúdo”, afirmou.
O relator proveu o recurso especial para julgar a ação procedente. Segundo seu voto, “dizer-se que o autor, homem calejado na vida de negócios, não foi atingido pelos fatos não faz sentido, pois a só consideração de que lhe foi atribuída a propalação de um fato criminoso, com a inerente censurabilidade de quem assim obra, fala por si da onerosidade do agravo, com sério desprestígio à pessoa do recorrente (Carlos Francisco Ribeiro Jereissati)”, considerou o relator.
Della Giustina ainda reconheceu que "a alegação defensiva de que Jereissati poderia tirar proveito com a divulgação em nada muda o quadro traçado no processo".
Ao fixar a indenização por dano moral em R$ 500 mil, o desembargador convocado ponderou "a situação econômico-financeira do ex-ministro, o dolo com que agiu, a continuidade e o reflexo da presente condenação no mundo dos negócios".
Por unanimidade, a 3ª Turma acompanhou o voto do relator. Ainda ficou estabelecido que o valor da indenização deve ser atualizado monetariamente a partir da data do julgamento (20/5/2010) e acrescido de juros de mora desde o evento que provocou o dano (1998).
Cálculo hoje (26) feito pelo Espaço Vital, aplicando os juros legais ao longo de 12 anos, a cifra atualizada chega a R$ 1.077.500,00.
Atuam em nome do autor da ação os advogados Roberto Ferreira Rosas, Luis Claudio Megiorin, Rubens Ferraz de Oliveira Lima, Alfredo Henrique Rebello Brandão e Gustavo do Vale Rocha. (REsp 961512)
Para entender o caso
* Em 1998, a Telebrás foi dividida em 12 companhias: três holdings das concessionárias regionais de telefonia fixa; uma holding da operadora de longa distância; e oito holdings das concessionárias de telefonia móvel.
* A maior delas era a Tele Norte Leste Participações S.A., que teve como presidente do Conselho de Administração, por quatro anos, Carlos Francisco Ribeiro Jereissati. A empresa foi transformada em Telemar em abril de 1999. Três anos depois, em 2002, ela começou a operar com telefonia móvel com a marca Oi.
* Na época da privatização do sistema Telebrás, o ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, e o presidente do BNDES, André Lara Resende, tiveram as conversas telefônicas gravadas, ilicitamente, três semanas antes do leilão. Mendonça teria afirmado, em entrevistas, que o empresário Carlos Francisco Jereissati teria interesse na divulgação das gravações telefônicas acerca do processo de privatização das teles.

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sexta-feira, 28 de maio de 2010
NO BRASIL A MORAL DO POBRE VALE POUCO MAS A DO BURGUÊS VALE MILHÕES: Carlos Francisco Ribeiro Jereissati receberá indenização de um milhão
JOSÉ DE FILIPPI JR, TESOUREIRO DA CAMPANHA DE DILMA É CONDENADO PELA JUSTIÇA PAULISTA
Tesoureiro petista da campanha de Dilma é condenado em SP
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o futuro tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff e ex-prefeito de Diadema, José de Filippi Junior, a devolver valores que podem chegar a R$ 2,1 milhões para os cofres da prefeitura daquela cidade.
A decisão ocorreu pela contratação sem licitação do escritório do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh. Filippi Jr. e Greenhalgh são do PT.
O escritório de Greenhalgh foi contratado pela Prefeitura de Diadema entre 1983 e 1996. Defendeu só duas causas, segundo o Ministério Público, e ganhou cerca de R$ 2,1 milhões pela tarefa. A prefeitura contava com 51 procuradores para defender os interesses da cidade, de acordo com a Promotoria.
O tesoureiro de Dilma foi condenado em duas decisões do TJ. Na primeira delas, houve um voto a favor dele, o que tornou possível a reavaliação do caso. No segundo julgamento, perdeu por 4 a 1.
O valor a ser devolvido será calculado só quando houver uma decisão definitiva sobre o caso. O ex-prefeito pode recorrer da decisão.
O TJ também condenou Filippi Junior à perda dos direitos políticos por cinco anos. A decisão não afeta a função que ele terá na campanha de Dilma. Tesoureiro não é uma função pública.
Greenhalgh foi contratado sem licitação. A prefeitura usou a figura da notória especialização para driblar a concorrência exigida por lei. Para o TJ, o escritório não tem notória especialização.
"A população de Diadema foi prejudicada. Não pode escolher. Não se levou em consideração o custo do contrato, mas fatores outros, cujos indícios são de proteção ou escolha baseada em critérios personalíssimos", escreveu o desembargador Renato Nalini ao rejeitar os recursos.
Outro ex-prefeito de Diadema e um ex-vice também foram condenados: Gilson de Menezes e José Augusto da Silva Ramos. Menezes, ex-ferramenteiro, foi o primeiro prefeito eleito pelo PT, em 1982. Silva Ramos foi vice-prefeito de Diadema por duas vezes, era do PT e agora está no PSDB _é deputado.
Outro lado
A Folha não conseguiu encontrar José Filippi Junior para comentar a condenação do TJ. A informação era de que ele está nos EUA, na Universidade Harvard. Um e-mail enviado pela reportagem ficou sem resposta.
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, não quis comentar a condenação do futuro tesoureiro. Disse que não conhecia o caso.
A Folha deixou recados na caixa posta do celular de Luiz Eduardo Greenhalgh, mas ele não ligou de volta.